Lênin Landgraf
Mestre em História
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No longínquo dezembro de 1952, o extinto jornal Rio Grande noticiava de forma entusiasmada que a cidade de Rio Grande passaria a ter uma Escola de Engenharia. Para manter o novo empreendimento foi preciso fundar a Fundação Cidade do Rio Grande. Esse seria o início de um sonho antigo dos rio-grandinos: manter aqui cursos superiores de excelência.

Conforme apura-se na escritura pública lavrada em 8 de julho de 1953, foram oito os instituidores da nova organização. Foram eles: Frederico Ernesto Buchholz (prefeito), Francisco Martins Bastos (engenheiro, representando a Ipiranga S/A Cia. Brasileira de Petróleos), João de Miranda Rheingantz (engenheiro, representando a Cia. União Fabril e a Cia. Fiação e Tecelagem Rio Grande), Jorge da Cunha Amaral (advogado, representando a Câmara de Comércio da Cidade do Rio Grande), Eurico Bianchini (representando a Luiz Lorea S/A), Fuad Nader (economista, representando a Abdalla Nader) e Jorge José Amaral Hormain (representando a Cunha Amaral e Cia. Ltda.). Evidentemente, foram dezenas de apoiadores à causa, podendo aqui também ser citados Américo Papaleo, Alcides Romeu, Cel. Eduardo Machado, Waldemar Thiesen, Augusto Duprat e Cícero Vassão.

A Fundação foi responsável, então, por implantar e auxiliar a manutenção da Escola de Engenharia Industrial (a primeira do Brasil), a Faculdade de Medicina em 1966 e a Universidade do Rio Grande em 1969. A Escola de Engenharia passou inicialmente no pavimento superior da Biblioteca Rio-Grandense, contando com mais de 20 professores e utilizando os laboratórios já estabelecidos em Rio Grande.

Destaca-se ainda o papel social que a Fundação cumpriu desde o princípio, com a criação de um fundo rotativo de bolsas de estudo, visando beneficiar os estudantes sem recursos financeiros. Na década de 1970 auxiliou ainda na instalação da atual sede do Museu Oceanográfico e em 1984 na fundação do Museu da Cidade do Rio Grande, localizado no prédio da antiga alfândega.

Não existem dúvidas: hoje, se temos uma universidade de excelência em Rio Grande (Furg), devemos também saudar a Fundação Cidade do Rio Grande, que desde a década de 1950 vem fomentando a cultura e o desenvolvimento de nossa terra. A semente da grande universidade que temos hoje foi plantada naquele dia 8 de julho de 1953. A reflexão da Profa. Dra. Aída Meirelles, de 2003, ainda é atual: "A Fundação Cidade do Rio Grande surgiu com a missão de implantar o ensino superior em Rio Grande. Os alunos que hoje circulam pelo Campus Universitário talvez não conheçam a história e o esforço despendido no passado para tal realidade. [...] Conhecer esta história e as lideranças que a criaram é uma forma de homenageá-los". As gerações atuais que "receberam tudo pronto" normalmente não realizam o exercício de pensar como chegamos até aqui, deixando de valorizar o esforço dos que antes vieram. A citação acima encontra-se na obra Fundação Cidade do Rio Grande - 50 anos: uma história de realizações, de autoria de Flávia de Lima Altmayer, fonte para o presente artigo.

Hoje, aos 70 anos, a Fundação segue desempenhando seu papel inicial, buscando o desenvolvimento da cidade de Rio Grande e a ampliação do acesso a educação e cultura. Vida longa à Fundação Cidade do Rio Grande!